Mergulhar a derradeira fronteira – Os primeiros mergulhos em gruta da história de Timor-Leste
Em pleno século XXI quase todos os limites do planeta Terra foram conquistados pelo Homem. Subimos as montanhas mais altas e descemos às maiores profundezas dos oceanos mas as grutas submersas permanecem como uma última fronteira.
No âmbito do projeto internacional Fatuk-Kuak hosi Timor Lorosa’e, no próximo dia 9 de setembro parte uma equipa portuguesa para continuar a exploração das profundezas de Timor Leste.
Na expedição de 2018, que decorrerá de 9 de setembro a 6 de outubro, os espeleólogos e mergulhadores subterrâneos portugueses Manuel Soares e Miguel Lopes pretendem fazer os primeiros mergulhos em gruta alguma vez realizados em Timor-Leste.
“Mergulhamos em grutas submersas pelo desejo e pelo prazer de conhecer locais novos e inexplorados mas fazemo-lo com objetivos claros: melhorar o conhecimento dos recursos hídricos do planeta, entender melhor o comportamento da água e os ecossistemas mas, em especial, para tentar contribuir para a proteção deste recurso tão ameaçado.” diz Miguel Lopes do NEUA - Núcleo de Espeleologia da Universidade de Aveiro e acrescenta “Para isso, exploramos, topografamos e mapeamos estes sistemas colaborando com várias áreas da ciência mas, sobretudo, falamos e mostramos as imagens do que fazemos às populações que habitam os lugares que visitamos e realizamos ações de sensibilização junto das mesmas.”
Nos anos anteriores o projeto viveu dias intensos de exploração mas também de cooperação, colaboração e de amizade.
“Não sabemos fazer as coisas de outro modo pelo que a vertente humana acaba por se tornar sempre uma das mais marcantes de um projeto deste tipo. Tenho a certeza que a expedição de 2018 seguirá o mesmo caminho.”, acrescenta ainda André Reis do CEAE – Centro de Estudos e Atividades Especiais da Liga para a Proteção da Natureza.
Fatuk-Kuak hosi Timor Lorosa’e é um projeto internacional multidisciplinar iniciado em 2016 com o objetivo de promover e desenvolver a espeleologia em Timor-Leste através da sistematização da investigação e estudo das grutas e cavernas, contemplando a formação de espeleólogos Timorenses .
O projeto é promovido por quatro associações de espeleologia portuguesas e uma timorense, nomeadamente, o NEUA – Núcleo de Espeleologia da Universidade de Aveiro, o CEAE – Centro de Estudos e Actividades Especiais da Liga para a Protecção da Natureza, o CIES – Centro de Investigação e Exploração Subterrânea, o GPS – Grupo e Proteção de Sicó e a JHN – Juventude Hadomi Natureza de Timor-Leste, em parceria com a UNTL – Universidade Nacional Timor Lorosa’e.
Texto enviado pelo Projeto Timor Subterrâneo, Manuel Freire, Núcleo de Espeleologia da Universidade de Aveiro